quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Existir


Nadar, pular, dançar
Não há gozo maior que ser gota desse mar
Comer, beber, tremer, arder
Não há esplendor como o de a esta terra pertencer

Surgir, crescer, gemer, vencer
Sorri de tudo e de tanto até aqui cair
Caí e ergui-me, pura e impura
Como curiosa mistura de orvalho e Tietê

Dancei, e como dancei
E o oscilar das minhas saias hipnotizava
Ocultando mágoas e rupturas,
Escondendo toda a noite que havia em mim

Arranquei essa venda nos olhos
Vendi-a para olhos mais cansados de luz que os meus
E o brilho desse galho, desse ar, desse chão
Jogaram nessas mãos esmeraldas, safiras e rubis

Vendi os rubis, as esmeraldas e as safiras
E com o ordenado, comprei toda a música do mundo
Gritos, risadas, perguntas e exclamações
Pulsações, medos, tremores e sons derretidos

Proprietária de lembranças
Mais rica que fazendeiros, empresários e agiotas
Dançarina de pano
Mais delicada que qualquer boneca de petróleo já produzida

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