Pouso os pés sobre'ste mar
A água salgada se torna o sustento destes velhos dedos
E a maré aos poucos os consome,
Célula após célula os consome.
Afundo as mãos nesta viajante areia
Os grãos cristalinos dialogam com meus poros
E a palma desta mão se transforma, em segundos,
Na melhor sala de estar do mundo inteiro.
E esta areia é fração sutil de mim
E estes cachos de queratina são as ondas do oceano
E na doce brisa, e nas impotentes nuvens,
E em todo este sal é onde me encontro.
Vivo por um instante essa solitária fusão
Entre criador e criatura
E ao retornar para a terra firme, lar atual,
Me questiono insaciável:
Se ontem fora peixe,
E hoje seja gente,
Amanhã quem sabe?
Quiçás mil asas ter!
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