quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Não Fui Eu


O que vejo por aí já não sou eu
O que defendo, abstrato que ainda não nasceu
O que contei, foi a loucura que me deu
E o que escrevo, tampouco há de ser meu

Escrevi a ilusão
Atribuindo a mim o mérito da partida
Esquecendo que, se o que mora no papel jorra
É culpa da força que recebo
São visões de uma realidade nova
Imagens do que eu nunca antes vi

Então, se não passo da visão
Tira de mim a culpa pelo que canto
O propósito é da mente rebelde onde habita o rei
Que nada sabe governar

Poesia é o que recebo ao ver a bolseta antiga
Ao invejar a pureza de uma vida
Que, de terna
Me distrai e me leva ao corte co'a ferrugem do relógio travado

Escrevi apaixonada na areia,
Não o teu nome, vá de retro!
Mas versos de um futuro livre
A poesia de um amor impossível sem mim

Desenhei laços de prata no calcário
Não os laços que se faziam entre nós, cruz credo!
Mas os laços que enfeitam os meus sapatos

Belos sapatos!
- Mas, que temos nós a ver com os teus versos?

Pergunta ao poeta,
Já vos disse que a culpa não foi minha
Se sequer meus versos me pertencem,
Como quererei eu extrair deles qualquer por quê?

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